Segunda-feira, 11 de Outubro de 2010

Mar Português

 

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vao rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar alem do Bojador
Tem que passar alem da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Senhor, a noite veio e a vontade é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silencio hostil,
O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto cinzas a ocultou:
A mão do vento pode ergue-la ainda.

Dá o sopro, a aragem - ou a desgraça ou ânsia,
Com que a chama do esforco se remoca,
E outra vez conquistamos a Distância
Do mar ou outra, mas que seja nossa!

Fernando Pessoa


publicado por Sara às 13:31
link do post | comentar | favorito

.mais sobre mim


. ver perfil

. seguir perfil

. 6 seguidores

.pesquisar

 

.Dezembro 2011

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9
10

12
13
14
15
16
17

18
19
20
21
22
23
24

25
26
27
28
29
30
31


.Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

.posts recentes

. Mar Português

.arquivos

. Dezembro 2011

. Setembro 2011

. Julho 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

.tags

. todas as tags

.links

SAPO Blogs
RSS
Em destaque no SAPO Blogs
pub